Carnaval, e Nossa Hipocrisia

Adilson Veiga
3 min readFeb 13, 2021

Escrevo este texto, agora, para mostrar um pouco do que é o brasileiro, sua espontaneidade e sua hipocrisia.

Talvez eu possa até ser xingado ao final, mas o que penso escrever reflete a realidade de um país acostumado, há séculos, a receber de seus governantes apenas “pão e circo”!

Hoje é sábado de carnaval, de um carnaval cancelado por conta do Covid e, apesar de toda gravidade pandêmica que enfrentamos, o brasileiro consegue fazer humor com a situação.

Mas voltemos ao ano de 2020!

O carnaval de 2020, foi no dia 25/02/2020, tendo seu início, no dia 21/02 /2020 — sexta de carnaval. Hoje, quase 100% da população é unanime em dizer que se tivessem cancelado o carnaval a situação não teria se agravado tanto e, portanto, foi a sanha de governadores e prefeitos em não perder o faturamento com turismo, a causa de todos os nossos problemas.

Assim, naquele 21/02/2020, o Ministério da Saúde ampliou a lista de países em alerta para o coronavírus que passou a incluir Japão, Singapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã, Camboja e China. Nós ainda não tínhamos nenhum caso confirmado no Brasil, que só veio a acontecer, justamente, após o último dia de carnaval (26/02) em São Paulo — tratava-se de um homem de 61 anos que voltou de uma viagem na Itália.

Além disso, em 30/01/2020, o Dr. Dráusio Varella havia publicado um vídeo informando que o Coronavírus não passava de uma gripe.

Agora, vamos ser sinceros e menos hipócritas por um pequeno momento!

O carnaval é uma festa popular, que envolve muitos fatores e pessoas de várias camadas sócias, tem custo, gera emprego para milhares de pessoas de classe baixa, tanto direta (que trabalham em barracões) quanto indiretamente (vendedores ambulantes de comidas, bebidas e souvenires), além de grandes arrecadações ao país e seus entes federativos.

Mesmo após o Presidente Bolsonaro ter declarado “estado de emergência” no dia 04/02/2020, convenhamos, haveria muita gritaria caso o carnaval tivesse sido cancelado. Inclusive, por muitos que hoje criticam o não cancelamento do carnaval do ano passado!

Como bem disse Pedro Henrique Alves (Filósofo, colunista do Instituto Liberal):

“Depois de um bom banho, no final de um dia estressante de trabalho, sentado na poltrona mais gostosa de sua casa, com um jazz de fundo e uma taça de vinho na mão, ali é, enfim, permitido sermos sinceros de verdade ante à realidade. Ninguém nos vê, ninguém nos escuta. Não precisamos mais fazer média para os grupos a que pertencemos; não precisamos nos portar galantes na frente da moça ou rapaz com que flertamos, e nem fingir que nos importamos com qualquer inclusão social ou com as girafas da Amazônia.

Ali, na poltrona da franqueza, está liberado falar e pensar asneiras ridículas, xingar a mãe, a ex e o Papa, podemos até assistir ao BBB para depois dizer que quem assiste é idiota útil. Ninguém julgará. Naquela poltrona, vertidos na sinceridade de um estado de natureza, afastados dos compromissos sociais, ideológicos e das amarras psicológicas, podemos então admitir o que todos nós sabemos.”

Então, está mais que na hora de deixarmos de ser hipócritas e aceitarmos que sempre será mais fácil criticarmos do que apresentarmos algo diferente, ou apoiar quem tenha apresentado — desde que faça sentido.

Se, realmente queremos mudar algo neste mundo, devemos começar por nós mesmos — e só seremos capazes de fazer isso quando conseguirmos ser sinceros conosco!

Adilson Veiga

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